Pesquisar este blog

Jovens Online em Cristo

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma democracia sem povo‏

Artigo para refletir um pouco sobre o reajuste salarial de parlamentares, que são a verdadeira imagem da democracia representativa brasileira e, possivelmente, da maior parte dos outros países. 

Ontem em Alagoas, os deputados concederam a eles mesmos um aumento de mais de R$ 11 mil. Os salários deixarão de ser R$ 9 mil para mais de R$ 20 mil num dos estados mais pobres da federação, onde falta as condições básicas de desenvolvimento, para não falar de sobrevivência. 

Talvez protestar não resolva, não impeça os desmandos destes pseudo-representantes, como de fato aconteceu. Mas se esconder por trás do conformismo ou de nossas fantasias pessoais, com certeza, não muda nada a realidade ou compreensão que temos dela. Quem quiser esperar pela próxima eleição, boa sorte. Nossas urgências não cabem nas urnas.

Rafael Butigahn

Uma democracia sem povo

Fábio Konder Comparato (Carta Capital)
Suponhamos que alguém entre em contato com um advogado para que este o represente em um processo judicial. O causídico aceita o patrocínio dos interesses do cliente, mas não informa o montante dos honorários, cujo pagamento será feito mediante a entrega de um cheque em branco ao advogado. 
Disparate sem tamanho?
Sem a menor dúvida. Mas, por incrível que pareça, é dessa forma que se estabelece a fixação dos subsídios dos (mal chamados) representantes políticos do povo. Com uma diferença, porém: os eleitos pelo povo não precisam pedir a este a emissão de um cheque em branco: eles simplesmente decidem entre si o montante de sua auto-remuneração, pagando-se com os recursos públicos, isto é, com dinheiro do povo.
Imaginemos agora que o advogado em questão, sempre sem avisar o cliente, resolve confiar o patrocínio dos interesses deste a um companheiro de escritório, por ele designado, a quem entrega o cheque em branco.
Contrassenso ainda maior, não é mesmo?
Pois bem, é assim que procedem os nossos senadores, em relação aos suplentes por eles escolhidos, quando se afastam do exercício de suas funções.
Não discuto aqui o montante da remuneração percebida pelos membros do Congresso Nacional, embora esse montante não seja desprezível. Além dos subsídios mensais propriamente ditos – quinze por ano –, há toda uma série de vantagens adicionais. Por exemplo: o “auxílio-paletó” no início de cada sessão legislativa (no valor de um subsídio mensal); a verba que cada parlamentar pode gastar como bem entender no seu Estado de origem; as passagens aéreas gratuitas para o seu Estado; sem falar nas múltiplas mordomias do cargo, como moradia amplamente equipada, carro oficial e motorista etc. Segundo o noticiado na imprensa, esse total da auto-remuneração pessoal dos membros do Congresso Nacional eleva-se, hoje, à cifra (modesta, segundo eles) de R$114 mil por mês.
Ora, tendo em vista o estafante trabalho que cada deputado federal e senador realiza – eles trabalham, em média, três dias por semana –, resolveu o Congresso Nacional, por um Decreto Legislativo datado de 19 de dezembro último, elevar o montante do subsídio-base, para a próxima legislatura, em 62% (por extenso, para confirmar a correção dos algarismos: sessenta e dois por cento).
Ao mesmo tempo, consternados com o fato de perceberem remuneração superior à do presidente e vice-presidente da República, bem como à dos ministros de Estado, os parlamentares decidiram, pelo mesmo Decreto Legislativo, a equiparação geral de subsídios.
Acontece que o subsídio dos deputados federais serve de base para a fixação do subsídio dos deputados estaduais e dos vereadores, em todo o país. Como se vê, a generosidade dos membros do Congresso Nacional, com dinheiro do povo, não se limita a eles próprios.
Agora, perguntará o (indignado, espero) leitor destas linhas: – Como pôr fim a essa torpeza?
Pelo modo mais simples e direto: transformando o falso mandato político em mandato autêntico. Ou seja, instituindo entre nós um verdadeiro regime democrático, em substituição ao fraudulento que aí está. Se o povo é realmente soberano, se ele elege representantes políticos para que eles atuem, não em proveito próprio, mas em prol do bem comum do povo, então é preciso inverter a relação política: ao em vez de se submeter aos mandatários que ele próprio elegeu, o povo passa a exercer controle sobre eles.
Alguns exemplos. O povo adquire o poder de manifestar livremente a sua vontade em referendos e plebiscitos, sem precisar da autorização do Congresso Nacional para tanto, como dispõe fraudulentamente a Constituição (art. 49, inciso xv). O povo adquire o poder de destituir pelo voto aqueles que elegeu (recall), como acontece em várias unidades da federação norte-americana.
Nesse sentido, é de uma evidência palmar que a fixação do subsídio e seus acréscimos, de todos os que foram eleitos pelo voto popular, deve ser referendada pelo povo.
Para tanto, o autor destas linhas elaborou um anteprojeto de lei, apresentado pelo Conselho Federal da OAB à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados em 2009, instituindo o referendo obrigatório do decreto de fixação de subsídios, quer dos parlamentares, quer dos membros da cúpula do Executivo. Sabem qual foi a decisão da Comissão? Ela rejeitou o anteprojeto por unanimidade.
Confirmou-se assim, mais uma vez, o único elemento absolutamente constante em toda a nossa história política: o povo brasileiro é o grande ausente. A nossa democracia (“um lamentável mal-entendido”, como disse Sérgio Buarque de Holanda) é realmente original: logramos a proeza de fazê-la funcionar sem povo.






--

Pâmela Cervelin Grassi
Pastoral da Juventude da Diocese de Caxias do Sul
(54) 96096683
Eis as nossas mãos: carregam linhas que, na teimosia de comunhão, perpassam os caminhos coletivos. Caminhos onde a ordem patriarcal sucumbiu. Onde as vidas querem a insitência de lutar, a gratuidade da partilha e os reinventos da resistência. Onde as cirandas do povo se vestem de revolução. Com criatividade e rebeldia, nossas mãos partem todas as noites para tecerem-se com outras mãos.

Costurando mãos porque lutamos
Lutando porque costuramos esperança
Esperançando porque nosso ofício é tecer manhãs


Pâmela Grassi


--

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Calendário Grupo Juvic

O GRUPO ESTA SENDO REESTRUTURADO NOVAMENTE

TODOS OS SABADOS 19 HRS NA COMUNIDADE ATE´FIXAR OS COMPROMISSO TEREMOS UM CALENDÁRIOS DO EVENTOS



























































































































































































































































































































































































































































































































































































































































CAMPANHA DA FRATENIDADE 2011

CAMPANHA DA FRATENIDADE 2011
click na imagem para baixar

Minha lista de blogs

Postagens populares

PJ AQUIDAUANA

PORTAL DA PJ DIOCESE DE JARDIM - MS

GRUPO JUST