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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Música Litúrgica - Mística e Atualidade

 

Música Litúrgica – Mística e Atualidade

Quem diz “Mística”, diz mistério! Coisa escondida, secreta, segredo, intimidade, interioridade, coisa da alma, do ser profundo ou das profundezas do ser.
Nossos momentos de oração, sobretudo de oração comunitária, nossos espaços celebrativos, são nossos postos de abastecimento, as oportunidades de realimentar nosso ser profundo com as inspirações e motivações que vêm do Espírito. E a música, os cantos, do começo ao fim de nossas celebrações, é que dão o tom, garantem o clima e traduzem poética, melódica e ritmicamente essas inspirações e motivações. Aliás, poucas coisas, segundo Santo Agostinho, “são tão próprias para excitar a piedade nas almas e inflamá-las com o fogo do amor divino”, como o canto.
Mas o que é mesmo o canto litúrgico?, Qual a sua identidade? E agora, o evangelista Lucas é quem vai nos ajudar, quando nos transporta até as montanhas da Judéia, juntamente com uma mulher grávida, chamada Maria, que há pouco havia recebido uma mensagem divina, dando conta de que seria Mãe do Salvador: Lucas 1,39-56. O encontro, o diálogo entre duas mulheres grávidas, cheias de vida, movidas a sonho, esperança, a compartilharem suas mais profundas experiências de vida é que propicia, no final das contas, a eclosão, o desabafo, o desabrochar do que hoje chamamos o Cântico de Maria. E aqui, vale notar: na teologia, na compreensão profunda de Lucas, Maria é a semente da Igreja, seu modelo, seu ícone mais perfeito.
Se assim é, seu canto é a referência, o paradigma mesmo, do canto da Igreja, quando celebra a sua fé. Não é por nada que os cristãos e cristãs que têm o privilégio de realizar o chamado Ofício Divino cantam, todo dia à tarde, o Cântico de Maria, o canto da Igreja, por excelência.
E é nesse canto que nos devemos espelhar, quando buscamos a identidade do canto litúrgico.
Para ser um canto litúrgico cristão,
ü Tem de ser um canto que brote do encontro de pessoas que se amam profundamente, que estão a serviço umas das outras, que estão a serviço do seu povo... São assim nossas comunidades?...
ü Tem de ser um canto de pessoas que compartilham sua vida, seus sonhos, suas esperanças: ver seus filhos nascerem, e com eles, um mundo diferente, que responda aos anseios mais profundos de seus corações... São assim os participantes de nossas celebrações?...
ü Tem que ser um canto enraizado na vida e na cultura de sua gente, na tradição de fé e celebração mais genuína e original.

Por tudo quanto ouvimos até aqui, seja dos evangelhos, seja de um pai da Igreja, como Agostinho, é preciso que nos alertemos para o fato de que a mística do canto litúrgico cristão é produto da mística que anima a vida dos cristãos e motiva uma comunidade cristã. Sem vida cristã, sem comunidade animada pelo espírito do Ressuscitado, não existe celebração cristã autêntica, nem canto litúrgico cristão verdadeiro. E a mística, a força energizadora do canto litúrgico cristão, só acontece no contexto existencial da vida cristã, de uma comunidade cristã autêntica.
E o que dizer sobre a atualidade do canto litúrgico?... Um antigo axioma dizia: Lex orandi, lex, credendi, ou seja, a oração é a norma da fé. Do jeito que a gente ora, a gente crê e vice-versa, mas não se pode negar que a força motivadora, a mística da oração tem uma importância fundamental no processo existencial da fé. Já vimos que, nas celebrações, a oração é mais canto que outra coisa. Por aí, já dá para se perceber a importância sempre atual do canto litúrgico.
Se o texto, a letra, como costumamos dizer, que é a substância mesma do canto, carrega consigo toda a riqueza de uma tradição de fé de uma gente que vem de longa caminhada, desde Abraão, o Pai de todos os crentes, avançados por Moisés e por todos os Profetas, culminando em Jesus, sua Mãe, seus Apóstolos, envolvendo um sem número de santos e santas testemunhas... Se esse texto, essa letra, por suas expressões, imagens e dizeres, pela visão de Deus que projeta, pela experiência humano-judaico-cristã que celebra, reflete a identidade bíblico-histórica da multissecular experiência cristã, esse texto tem, com certeza, a força de nos alimentar, hoje, com a seiva que vem das raízes, com as riquezas que vêm das origens... esse texto nos faz herdeiros e parceiros de todos quantos nos precederam e continuadores, aqui e agora, dessa caminhada para a Terra prometida...
Daí a importância fundamental dos salmos, que têm sido a base do canto litúrgico cristão, desde as comunidades cristãs primitivas até nossos dias. Os salmos, juntamente com os cânticos do Antigo e do Novo testamento, especialmente os três cânticos evangélicos de Maria, de Zacarias e de Simeão, consignados por Lucas nos dois primeiros capítulos de seu Evangelho, são a referência número um do compositor litúrgico cristão. Desconhecê-los é cortar-se da trama da história da fé.
Se o texto, a melodia, o ritmo, as harmonias, os arranjos se enraízam no contexto cultural de cada povo, região ou nação, assumem suas características poéticas e musicais, tanto da etno-música, da música de raiz, quanto as novas manifestações da música popular, o canto litúrgico terá importância de máxima atualidade, qual seja, a de fazer do momento celebrativo uma contribuição para o fortalecimento da identidade cultural da comunidade, da sua encarnação na vida do povo, da sua comunhão profunda com a vida, a história, a cultura do povo, no meio do qual a comunidade atua qual fermento na massa.
A mística e atualidade da música litúrgica, então e enfim, nos remetem a essas exigências básicas, inarredáveis, indispensáveis:
ü Um povo que permanentemente se evangeliza e entende que é sua vida mesma, sua própria existência que deve ser o louvor essencial, existencial;
ü Compositores que sintonizam profundamente com a tradição de fé e celebração da Igreja Cristã, que tem como paradigma os Salmos e demais cânticos bíblicos do Antigo e do Novo Testamento;
ü Compositores sintonizados profundamente com a cultura de sua região, do seu povo, da sua nação, em fidelidade Àquele que se fez carne e levantou seu barraco no meio de nós (João 1,14).

Texto de Reginaldo Veloso extraído da Revista de Liturgia nº 204.
Citações Estudos da CNBB 79, A música litúrgica no Brasil. P.47-48.
Agostinho, Bispo de Hipona, século V, sermão 34, INH II, p.642 s.
    



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