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sexta-feira, 4 de março de 2011

O caminho da cura - Maria Soave‏

O caminho da cura - Maria Soave

Minhas irmãs, meu irmãos queridos, quero contar ao pé do ouvido um segredo...
Em todos e todas nós se esconde uma sede profunda que acompanha a vida, o corpo, os afetos, uma sede que inspira nossas escolhas e as faz inquietas. Ao longo da história do povo da Bíblia esta mesma sede guiou e guia a vida de muitas mulheres e homens justos.
Em muitos textos da Bíblia o Amor é o argumento e também o mandamento principal Amor, isto é, a maior saudade de Deus.
O que na história da espiritualidade cristã chamamos como voto de castidade faz precisamente parte desta profunda saudade da Humanidade; o sonho de recuperar todos os fragmentos, os cacos, os pedaços de história que nos fazem intuir relações recriadas e novas.
Percebo que o termo castidade, por si, revela certa ambigüidade. Na linguagem própria da vida religiosa, este termo foi usado tarde.
Nos primeiros mil anos da história, da espiritualidade e da prática do Amor místico das comunidades cristãs, nunca se falava da castidade como voto, como escolha de vida de padres ou religiosas. Neste tempo de profunda espiritualidade humana considerava-se, e com razão, que cada amor deve ser casto para ser verdadeiramente uma experiência do Amor.
Hoje, meus irmãos e minhas irmãs amados, quero contar um segredo.
Nasci e fui criada em uma terra muito seca, parecida com o sertão nordestino, entre sol e mar. A água na minha terra mãe, na minha "Mátria", é algo de escasso e precioso. Fui criada em cuidar de cada gole de água. Fui educada em permanecer com sede para sempre antes oferecer a água para as pessoas mais necessitadas dela: as crianças e os velhinhos.
Escutem ao pé do ouvido, arrepio de alma, um segredo...
Quero contar algo que conta e canta profundamente em mim. Quero falar de algo que canta e conta ao meu ouvido interior, como uma fonte cristalina que traz a música vital de uma água toda especial, uma água que não mata sede alguma, aliás, de uma água cristalina e cantarolante que, a cada gole tomado, saboreado, lambido, aumenta cada vez mais esta sede, como uma ferida aberta e latejante.
 Esta sede eu chamo de saudade do Amor, saudade de Deus.
Quero que vocês sintam neste preciso momento esta sede, a sede de algo fundante e fundamental que nos permite chamar nosso cotidiano viver de Vida. Quero que vocês sintam a garganta da alma seca de tanta sede, de tanto arder da sede do Amor, de tanto abrasar da sede de Deus.
Hoje quero, com humildade , contar um segredo e recuperar os frágeis fios desta sede que mora na alma profunda de todos os Seres Humanos. Para conseguir partilhar este segredo precisamos justamente começar com isso: o sonho de viver amores castos pertence á toda a Humanidade. Relações castas. Relações onde a dignidade brota e floresce. Relações onde as identidades se fortalecem na troca de Amor. Relações onde se cultiva a Vida.
Quando, na história da espiritualidade cristã, começou-se a usar a palavra castidade o seu significado foi carregado de separação, daquela separação entre alma e corpo que já estava duramente golpeando a espiritualidade de nossa fé. Considerou-se equivocadamente casta uma pessoa que podia viver sem expressar todas suas energias afetivas através da sexualidade. O que hoje, humildemente percebo é que o sonho de relações castas e recriadas permanece na alma da Humanidade. Este sonho de novas relações, relações de amor, dignidade, respeito, de identidade na troca; de ternura, cuidado, escuta, diálogo, que eu chamo relações castas, acompanha diferentes espaços da nossa vida pessoal. Espaços que são pessoais e também coletivos, entre as culturas, espaços econômicos e políticos, espaços ecumênicos e ecológicos... A Humanidade e a Terra desejam profundamente voltar a ter relações castas, outras relações possíveis não alicerçadas na violência e na cobiça.
Precisamos voltar a experimentar a profunda sede de relações de Amor. Precisamos sair da superficialidade e do consumismo desenfreiados do dia a dia que nos impedem de encontrar a necessária necessidade.  Encontrar de novo esta antiga e sempre nova sede de Amor é como voltar a nos encontrar de novo. Acolher esta sede de Amor é como voltar a trocar entre homens, entre mulheres, crianças e a terra, a Vida, o Amor, e a Sabedoria. Viver esta sede de Deus nas relações castas é tocar o Amor na sua profundeza, lá, no fundo, aonde a Doçura veio nos salvar.
Quando reconhecemos esta necessária necessidade vivemos relações castas. Quando sentimos esta sede profunda de Amor vivemos relações castas. Quando vivenciamos relações de castidade professamos simplesmente que, por toda a vida queremos simplesmente aprender a amar e a ser amadas.
Na história do povo da Bíblia relações castas são relatadas desde os primeiros capítulos do livro de Gênesis. O povo volta sempre para a antiga e sempre nova vocação: volta sempre a aprender a amar, a cuidar, a cultivar ( Gn 2,15). O que Deus fez desde o começo do Mundo e da Humanidade foi pedir para o Homem e a Mulher de cuidar e cultivar, isto é de ter relações castas entre si e com a natureza. Cuidar e cultivar, estas são as ações da castidade. Cuidar e cultivar, as ações dos sentimentos doces e não alicerçados na violência que permitem a prática de relações castas.
Quando cuidamos e cultivamos sabemos, com a sabedoria da vida e da fé que as pessoas e os povos possuem histórias delicadas, frágeis, como frágeis são os corpos, tecidos de almas. Quando cuidamos e cultivamos nossas relações sabemos, com o sabor da vida e da fé, que vivemos em profunda precariedade. Para viver relações castas somos convidadas a amar nossa situação relacional de precariedade, de necessária necessidade do Outro, da Outra, da Terra, da Água, do Ar, do Fogo...de Deus(...)!.
Relações castas são relações nuas, precárias, frágeis. Relações castas são relações desnudadas e despidas. O Deus de Jesus de Nazaré nos ensina: O Homem casto é o Cristo em Jesus de Nazaré ( Fil 2,5-11).
Ele tinha a condição divina,mas não se apegou a sua igualdade com Deus,
 pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante as pessoas humanas.
Esta ação de Jesus, o Cristo, não é um ato de herói. Ele se desnuda para encontrar. Quero contar um segredo, um conto que conta o que conta para podermos viver plenamente.
Castidade para minha vida é isso: se desnudar, tirar tudo o que nos esconde e nos encoberta do que sou para ficar nua e assim permitir o Encontro. Não só o encontro com as outras pessoas, mas o encontro com as outras Criaturas, a Água, a Terra, as outras culturas, tudo o que é diferente...Deus(...). Parece-me que este é o desejo de Deus criador quando cria a Mulher e o Homem a sua imagem e semelhança. Uma Humanidade nua que se reconhece no olho no olho, entre iguais, na dignidade, no cuidado, no respeito das diferenças e, por isso cuida e cultiva toda a Vida na Terra. Uma Humanidade nua, transparente, "castiça", sem medo e sem cobiça. Uma Humanidade de partilha nua, do que é, sabe, possui e sonha. Uma Humanidade despida do poder violento e violentador "sobre" a Terra, a Água, os Pobres, as Crianças, as Mulheres...Homens e Mulheres castos, nus, no novo jardim do Éden, na madrugada de Ressurreição!
Como diz minha amiga Nancy....Amém e...amem!!! 
Maria Soave
(Texto extraído do livro Caminhos: errando entre vida e Bíblia, de Maria Soave e Agostinha Vieira de Melo)

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