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Jovens Online em Cristo

sábado, 22 de janeiro de 2011

O que aprendi com a PJE‏

  


Olá Amig@s!
Encaminho a vocês uma reflexão que compartilhei na 14ª Assembléia Nacional
da PJE, realizada em janeiro de 2011, em Belo Horizonte-MG, por ocasião da
minha saída da Assessoria Nacional da PJE.
Um grande abraço,
Maurício  


O que aprendi com a PJE e com as Pastorais da Juventude...[1]
Maurício Perondi
            Desde o ano de 1997, quando iniciei minha trajetória na PJE, como animador de grupo de jovens e, depois em 2001, quando iniciei a assessoria de grupos, já transcorreram vários anos, onde pude vivenciar inúmeras experiências de formação, de ação, de espiritualidade, enfim, de vida pastoral. Neste período assessorei grupos de jovens em escolas privadas e públicas, participei de coordenações regionais e nacionais, tanto da PJE como das Pastorais da Juventude.
            Neste tempo, a experiência pastoral foi marcante e determinante para a construção da minha identidade e para a fundamentação das opções que hoje orientam a minha vida. Muito do que sou e faço hoje, tem base no que eu vivi na pastoral. Muito do que eu aprendi, também foi a partir das experiências que tive nas Pastorais da Juventude. Neste momento, em que estou deixando a Assessoria Nacional da PJE, quero compartilhar alguns aprendizados que tive neste período.
           
Protagonismo dos Jovens
Uma das primeiras coisas que aprendi com as pastorais é o que significa protagonismo juvenil na prática. Comecei a ver que eram os jovens que coordenavam as reuniões, que secretariavam os encontros, que organizavam a maior parte das atividades. Os assessores sempre estavam presentes, mas os jovens tinham espaço para tomarem as iniciativas e serem protagonistas.

Opção Preferencial pelos Pobres
A opção pelos pobres/pelos excluídos é uma das principais opções das pastorais. Apesar de eu já ter esta opção quando conheci as pastorais, isso se solidificou quando passei a conhecer mais a pastoral. Hoje em dia, para mim é quase como que automático defender e lutar pelos direitos dos que são excluídos. Não importa em que lugar ou em que situação eu aprendi a ficar sempre do lado de quem é o mais necessitado

Afetividade/Valorização das Pessoas/Amizade
Aprendi que as amizades e as relações interpessoais na pastoral são muito marcantes. Na pastoral se constroem relações profundas e duradouras, independente das distâncias e das diferenças. Existe uma valorização do humano que cada pessoa carrega, fazendo com que as relações afetivas sejam construídas de modo autêntico e transparente. Muitas pessoas de fora da pastoral têm dificuldade em entender a gratuidade que existe nas relações estabelecidas no seu interior. Num mundo onde as relações são marcadas pela trocas ou pelos interesses em tirar proveito pessoal, aprendi que a gratuidade é o segredo para a valorização dos amigos que fazemos e das pessoas com as quais nos relacionamos.

O que é mística
Num dos primeiros encontros entre grupos de jovens em que participei, ao se apresentar as características da PJE, alguns jovens entraram com um cartaz onde dizia “Mística da PJE”. Naquele encontro foi explicado o que era, mas eu não entendi. Com o passar do tempo, a partir da vivência, eu compreendi que a mística revela o modo de ser e der agir da PJE, que está fundamentado na proposta de um libertador, Jesus Cristo. Compreendi o significado através da prática, não através da teoria. Aprendi que a mística é o que alimenta, é o que diferencia a pastoral de outro grupo de jovens que também vivencia processos coletivos. Aprendi que a mística não é repassada de um para o outro, nem adquirida através de leituras ou cursos, ela é internalizada por quem se propõe a fazer a experiência.

Jovens e assessores que conhecem outras realidades crescem mais
Neste tempo em que estive na pastoral aprendi que jovens e assessores que conhecem outros grupos e outras realidades crescem mais, ampliam seus horizontes e tem maior possibilidade de serem militantes engajados. Em muitas ocasiões ouvi diversas desculpas, principalmente dos assessores, para não se participar de encontros com outros grupos, de atividades regionais ou até nacionais. Tais pessoas perdem a oportunidade de crescerem e de ampliarem o seu horizonte de possibilidades.

Método: Ver – Julgar – Agir
Durante este período na pastoral aprendi a usar o método Ver-Julgar-Agir. Conforme é citado no Marco Referencial da PJE, o método é mais do que uma ferramenta, ele é um modo de vida. Aprendi a usá-lo em diversas situações da minha vida, sempre na perspectiva de olhar a realidade, julgá-la a partir dos referenciais que orientam a minha vida para depois agir para transformar determinada realidade.

Organização
Aprendi que a organização é uma das melhores formas de enfrentarmos os desafios e lutarmos contra as injustiças que combatemos. Atualmente, uma das grandes dificuldades que se tem é manter as organizações e as estruturas coletivas. Parece que cada pessoa e cada instituição tende a pensar em si e nos seus membros. É difícil encontrar pessoas e instituições que se dispõem a integrarem organizações maiores para poder ter uma atuação em conjunto. Por isso, no mundo de hoje, propor organização coletiva é “remar contra a maré”. Com isso, aprendi que se quisermos maior impacto em nossas ações precisamos de uma organização conjunta que dê unidade à nossa luta.

Assessoria/Acompanhamento
Aprendi que a presença de assessores adultos que façam o acompanhamento dos jovens é necessária e também desejada pelos mesmos. Os jovens querem o seu espaço de atuação e de protagonismo, mas também querem e precisam de apoio de assessores comprometidos que lhes dê suporte, que estejam ao seu lado nas crises, que acompanhem seu projeto de vida. Aprendi também que a assessoria é mais do que uma função, é um ministério, que deve ser assumido com dedicação, amor e gratuidade. Os jovens e os demais assessores percebem quando alguém desenvolve o seu papel apenas como um trabalho, de uma forma burocrática. O assessor precisa ter tempo, precisa estar junto com os jovens, tanto, nos momentos difíceis, como também nas festas e alegrias.

Ter um horizonte: reino, Civilização do Amor
Aprendi na pastoral a ter um horizonte, a não pensar apenas em ações isoladas que não tenham conexão com o mundo que eu desejo ver acontecer. Este horizonte tem nomes diferentes, mas com um significado muito semelhante: “Outro mundo possível” (Fórum Social Mundial); “Civilização do Amor” (PJs Latino Americanas); “Reino de Deus” (anunciado por Jesus Cristo).

Acreditar no jovem como “sacramento da novidade”
Aprendi que é preciso acreditar no jovem, nas suas potencialidades, encorajando-o para que lute por seus sonhos e por seus ideais. Dadas as muitas adversidades que enfrentam, muitos jovens perdem a confiança em si mesmos e sentem-se incapazes de sonhar e de ir atrás de seus ideais. O jovem precisa encontrar em algum momento de sua vida alguém que acredite mais nele do que ele mesmo. Aprendi a acreditar no potencial dos jovens, pois eles são “sacramentos da novidade” (Hilário Dick), eles representam a possibilidade de que algo novo surja no mundo (Hannah Arendt).

Processo de participação e construção coletiva
Na pastoral aprendi a construir os processos de modo coletivo e que a participação de todos os envolvidos é fundamental. Na pastoral não há um que manda e outros que obedecem, as decisões são tomadas em conjunto e depois de deliberação. Este processo é mais demorado, porém, tende a ser mais completo e tende a contemplar dimensões que não seriam consideradas se fosse feito individualmente. Lembro ainda outro pensamento que diz “sozinho se vai mais rápido, mas junto, se vai mais longe”.

O que é Processo de Educação na Fé
Aprendi, depois de muito tempo, um pouco mais sobre o que é o PEF, que é uma sigla muito usada na pastoral, mas muitas vezes não é suficientemente compreendida. O PEF representa o caminho que os jovens trilham no seu processo de crescimento e de amadurecimento pessoal. Ele implica nas etapas pelas quais o jovem percorre e nas dimensões da formação integral que são trabalhadas no grupo de jovens. Implica ainda no modo como se concebe o crescimento na fé dos jovens, que é de forma processual e não instantânea, que é através das diversas relações que ele estabelece até amadurecer e fazer as suas opções. O PEF não acontece através de um retiro de um fim de semana ou através da escuta de depoimentos de pessoas que já fizeram o processo. Ele acontece de modo gradativo, na medida em que o jovem descobre a si mesmo e descobre a grandeza da transcendência, através de uma opção pessoal e não através de uma tradição religiosa que lhe foi repassada.

Projeto de Vida
Aprendi na pastoral a valorizar o projeto de vida do jovem. O projeto de vida é diferente dos testes vocacionais que são realizados para que os jovens “descubram” a sua profissão. Ele ajuda o jovem a pensar sobre a sua história, a questionar-se sobre si e sobre os demais, a repensar os seus ideais e seus sonhos, a projetar a sua vida, num projeto compartilhado com outras pessoas. O projeto de vida do jovem nunca está pronto, mas está em constante construção, por isso, precisa de apoio e de partilha.
Indignação/coragem

Alegria/Dinamismo
A alegria e o dinamismo são características quase que intrínsecas da maioria dos jovens. Aprendi que os jovens fazem barulho, fazem festa com muita facilidade, riem com maior freqüência e, geralmente, aproveitam mais o momento presente do que os adultos. Para eles a vida está se descortinando e dentre as muitas opções que lhes estão à disposição, aproveitam para experimentar novas possibilidades e realizar novas vivências. Neste aspecto reside grande parte dos conflitos geracionais, onde os adultos, com muita freqüência, consideram que os jovens são despreocupados, alienados e arruaceiros, quando na verdade eles estão interagindo com o mundo de uma forma dinâmica, o que a maioria dos adultos não entende e não suporta.

Aprendi que os jovens estão numa fase especial de construir opções
Assim como os adultos, os jovens vivem processos constantes de construção da sua identidade. Por isso, aprendi a não querer que o jovem tenha respostas sobre questões que ele ainda não decidiu e não tem clareza. Isso vale para a religiosidade, para a política, para a sexualidade, para a profissão, para seus gostos, etc.

Ser um eterno aprendiz...
Também aprendi na pastoral que somos seres inacabados, ou seja, somos eternos aprendizes (lema da Semana do Estudante/2003). Por isso, apesar de ter aprendido tanto na pastoral, tenho consciência que tenho muito a aprender no meu modo de ser, de me relacionar e de ver o mundo. Sendo assim, não tenho como sair da PJE e das Pastorais da Juventude, pois além de elas fazerem parte de mim, tenho muito a aprender e a contribuir com elas. Tenho consciência de que nos próximos dois anos não poderei assumir instâncias ou outros processos mais fixos, porém, de outras formas, não deixarei de contribuir e de aprender com elas.
            Belo Horizonte, 16 de janeiro de 2011.




[1] Texto compartilhado na 14ª Assembléia Nacional da PJE, realizada em janeiro de 2011, em Belo Horizonte-MG, por ocasião da minha saída da Assessoria Nacional da PJE.


 


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